Calf Note #228 – Pesquisa recente sobre criptosporidiose, parte 2

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Autor: Jim Quigley

Traduzido por: Paula Tiveron e Rafael Azevedo

Introdução

Este é o segundo Calf Notes que resume pesquisas recentes na literatura científica relacionadas à criptosporidiose em bezerros jovens. O primeiro está aqui. Esta segunda nota resume a pesquisa da Universidade de Guelph e descreve o efeito de C. parvum, rotavírus, e coronavírus na saúde de bezerros jovens.

A Pesquisa

Os pesquisadores monitoraram 198 bezerros que foram alimentados com grãos e criados em uma instalação de vitelos. Os bezerros chegaram às instalações com 3-7 dias de idade de fazendas leiteiras da região (Ontário, Canadá). A proteína sérica total foi mensurada na chegada. Os bezerros foram alimentados com sucedâneo e desaleitados aos 56 dias de idade. A partir daí, foram transferidos para os grupos até 77 dias de idade, quando deixaram o estudo.

A consistência fecal foi avaliada diariamente nos primeiros 28 dias e as amostras fecais foram coletadas nos dias 0, 7 e 14. As amostras fecais foram analisadas quanto à presença ou ausência de Cryptosporidium parvum, rotavírus bovino e coronavírus bovino. Além disso, os bezerros foram pesados nos dias 0, 14, 49, 56 e 77. Número de tratamentos veterinários, incidência de diarreia e mortalidade foram registrados durante todo o período de 77 dias. Os pesquisadores avaliaram a prevalência de cada organismo, incidência de diarreia, mortalidade e efeitos da doença no crescimento.

Resultados

Dos bezerros incluídos no estudo, 25% tinham proteína sérica total (mensurada por refratômetro) <5.1 g/dL, que foi considerado falha de transferência passiva.

A prevalência de cada organismo é mostrada na Figura 1 para os dias 0, 7 e 14. A prevalência para C. parvum foi 6, 38 e 20% das amostras em cada dia, respectivamente.

Vale ressaltar neste estudo que a prevalência de rotavírus foi muito alta ao longo do estudo, assim como a prevalência de coronavírus a partir do dia 7.

Muitos bezerros tiveram diarreia durante o processo. No geral, quase 84% dos bezerros foram tratados para diarreia clínica durante este estudo. Além de C. parvum, rotavírus e coronavírus, os bezerros sofreram um surto de Salmonella dublin durante o período do estudo. Assim, grande parte da incidência de diarreia provavelmente não pode estar associada apenas ao C. parvum, mas a vários organismos. 

Na Figura 2, vemos que, no dia 0, 6 dos 12 bezerros (50%) positivos para C. parvum apresentaram diarreia. Apenas 37 dos 181 bezerros que foram negativos para Crypto apresentaram diarreia, sugerindo que a presença de Crypto foi o principal responsável pela incidência de diarreia na chegada. No entanto, aos 7 dias de idade >85% dos bezerros – positivos para Crypto ou não – tiveram diarreia. Isto é provavelmente devido a uma transmissão rápida de todos os patógenos dentro da instalação e bezerros que sofrem de infecção por múltiplos organismos.

Qual é o efeito da infecção com C. parvum no crescimento? Podemos ver na Figura 3 que os bezerros que foram positivos para Crypto aos 7 dias de idade eram mais leves aos 49 (- 4 kg) e 77 d (- 8 kg) em comparação com os bezerros que foram negativos para Crypto aos 7 d. 

Esses dados mostraram claramente que a infecção por organismos causadores de diarreia resultou em maior doença, mortalidade e crescimento mais lento. Quando os bezerros tiveram diarreia ou diarreia grave, seu peso corporal foi >15 kg menor em comparação com bezerros com baixos níveis de diarreia.

Resumo

Os resultados do estudo mostraram a incidência de organismos infecciosos, incluindo C. parvum, em um sistema de criação de vitelos alimentados com grãos. A alta incidência da doença não é normal e reflete o risco associado ao agrupamento e transporte de bezerros muito jovens quando são altamente suscetíveis à infecção por organismos entéricos. Em termos do efeito de C. parvum, os dados mostram claramente que quando os bezerros são infectados com Crypto, eles terão maior incidência de diarreia, maior mortalidade e crescimento mais lento. Os bezerros eram 8 kg mais leves aos 77 dias do estudo quando foram positivos para C. parvum aos 7 dias, indica o efeito a longo prazo deste organismo no crescimento do bezerro.

Referência

Renaud, D. L., C. Rot, J. Marshall, and M. A. Steele. 2021. The effect of Cryptosporidium parvum, rotavirus, and coronavirus infection on the health and performance of male dairy calves. J. Dairy Sci. 104:2151-2163. https://doi.org/10.3168/jds.2020-19215.

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